Ao longo dos últimos 18 anos tive a oportunidade de acompanhar por um ângulo privilegiado algumas transformações pelas quais passou nossa região.

Como professor dos cursos de Ciências Contábeis e Administração do Unifaminas, por meio do convívio direto e constante com empresários, filhos de empresários, profissionais da área contábil e de gestão, entre outros, são muitas as mudanças observadas, contudo, destaco a seguir algumas diretamente relacionadas ao meio empresarial da nossa cidade e região.

A primeira e talvez mais importante constatação que podemos mencionar é a repetição de duas das principais estatísticas nacionais de empreendedorismo aqui na nossa região.

O gráfico abaixo apresenta os resultados nacionais de crescimento das empresas do Simples Nacional, onde observa-se a abertura de 6,1 milhões de MEIs no período de oito anos, um total de 5,0 milhões de EPP e ME no ano de 2016, totalizando cerca de 11,1 milhoes de CNPJs naquele ano.   

  

Sem entrar no mérito dos motivos que levam as pessoas a empreenderem, os dados demonstram que há uma veia empreendedora no povo brasileiro. Na nossa região não é diferente. Entre os grupos prevalentes em sala, sempre tivemos uma participação efetiva de empreendedores e seus filhos.

Contudo, uma segunda estatística também se repete e essa é mais preocupante. No próximo gráfico, apresentam-se as taxas de sobrevivência das empresas por porte a que pertencem.

Observam-se resultados muito próximos para EPP, médias e grandes empresas, acima de 97%. Nas MEIs o resultado é um pouco abaixo, mais ainda no intervalo de 90%. Contudo, no grupo das ME – Micro e Pequenas Empresas, os resultados caem assustadoramente, atingindo taxas de sobrevivência de apenas 50%, ou seja, muito distante dos demais grupos. 

  

Essa é outra realidade igualmente observada ao longo dos anos em nossa região. Foram muitos os casos de empresários ou seus filhos que estiveram nos cursos de graduação e que hoje as respectivas empresas já não existem mais ou que trocaram de mão.

Também foram vários os casos de alunos que tiveram que abandonar ou adiar seus cursos devido a perda de emprego pelo fechamento das empresas em que trabalhavam.

É no grupo das ME – Micro e Pequenas Empresas que as dificuldades do empresário se tornam mais prementes. Apesar de tratarem-se de negócios relativamente pequenos, esse grupo de empresas reproduzem de forma reduzida o universo das médias empresas e, normalmente tem: folha de pagamento, investimentos em bens patrimoniais, estoques, gestão financeira, entre outras rotinas, as quais exigem “capital de giro” e, portanto, “gestão”.

E, nesses casos, a ausência ou a má gestão são decisivos para a sustentabilidade do negócio. Por isso um índice tão alto de mortalidade, deferente dos demais grupos.

Atualmente, Muriaé tem apresentado uma economia dinâmica. No ano de 2018, a cidade ficou em segundo lugar na Zona da Mata no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), com média de 0,7978 pontos.

Grandes redes de farmácia, eletrodomésticos, supermercados, varejo, vestuário, franquias, postos de gasolina, etc, se instalaram na cidade nos últimos anos. Isso também refletiu no perfil dos alunos, observando-se uma migração de empregos em empresas familiares para esse grupo de grandes empresas.

Ainda que seja uma observação empírica, é provável que o capital humano mais qualificado esteja sendo absorvido pelas grandes empresas que aqui se instalaram, o que pode ser um novo fator dificultador para nossas micro e pequenas empresas locais, ou seja, a competição por mão-de-obra qualificada, um dos principais fatores de sobrevivência das empresas na atualidade.  

Por outro lado, o setor da saúde, sempre foi um dos principais contratantes de nossos alunos e, ao longo desse período só fez crescer. O pólo da saúde é sem dúvida um dos motores do crescimento econômico da nossa cidade e celeiro de novas empresas.

Com quatro hospitais e diversos serviços de alta complexidade, além de centenas de clínicas e consultórios especializados, Muriaé atrai pessoas de várias regiões do país em busca de cuidados médicos.

Em torno desse cluster da saúde, diversas empresas prosperaram, tais como: distribuidoras de produtos médicos e hospitalares, construtoras, arquitetos e engenheiros, farmácias, serviços de cuidados domiciliares, hotéis, empresas de TI, escolas profissionalizantes, etc., alimentando a economia local e abrigando muitas empresas e empreendedores inovadores. Hoje, certamente, esse é o nosso “Vale do Silício” da inovação. 

Portanto, o que observamos são transformações significativas na economia local. Temos a chegada de grandes grupos pressionando as empresas locais e uma mortalidade alta no segmento de micro e pequenas empresas, cenário que exige maior capacidade de gestão dos nossos empreendedores e gestores.

Da mesma forma, nos setores que prosperam, temos um fator tecnológico e inovador impulsionando os negócios, exigindo que as empresas e profissionais acompanhem tais tendências.

Na busca de soluções para tais desafios, a NTW virou realidade em Muriaé, já que somos a maior rede de empresas contábeis do país e ao mesmo tempo celeiro de inovações e soluções tecnológicas típicas dos novos tempos. Seja qual for o desafio, a NTW está pronta para ajudar e contribuir com nossos empresários para superá-los. 

A modernidade e sofisticação que já são realidade em outros segmentos na nossa cidade, agora também é na área contábil e de serviços financeiros, e nossos empresários podem contar com um elenco de soluções e ferramentas para ajudá-lo nesse cenário de mudanças.  

 

Pedro Paulo de Andrade Cavalher

Diretor Executivo – NTW Unidade Muriaé